sexta-feira, 21 de março de 2014

"Era só um marinheiro.
Só um marinheiro só.
Um marinheiro só.
Olhos cor de mar,
pensamento nos olhos
cor de firmamento.

Era só um marinheiro.
Um marinheiro só.
No mar se lança
Até alcançar
As percas pra pescar.
Pra alimentar as crianças.

Era só um marinheiro.
Um marinheiro só.
Chora em silêncio
as perdas das percas
Com a seca do mar.
Com a distância de amar.

Era só um marinheiro.
Um marinheiro só.
Navega nas ondas
do mar deserto,
nas dunas de areia.
Nos dias incertos.

Era só um marinheiro.
Um marinheiro só.
Das duras pedras
extraí crustáceos incrustrados, pesca peixes pequenos.
Sonha tesouros enterrados.

Era só um marinheiro.
Um marinheiro só.
Na miragem do porto
vê agua, vê sopa,
vê um ponto acenar.
Um desejo de amar.

Era só um marinheiro.
Um marinheiro só.
Da proa desata os nós,
ancora os pés junto ao ponto.
Ponto e marinheiro encontram-se sós.
Marinheiro e ponto são um só."

Da crônica O Pescador de Pecados, de Márcia Széliga, publicada no livro ANTOLOGIA - NOVOS AUTORES CURITIBANOS.

Nenhum comentário: