Aos
vinte e cinco dias de ontem da vida, quase trinta não fossem os dias esquecidos
de mim, cruzei o maior dos desafios marinheiros, a saudade das coisas
inventadas, daquelas que nunca existiram. Durante a travessia o preto e o
branco surgem do transparente e, antes que invento história, já se foram à
outrora, vestidas de cores de além. Crio lendas, invento fatos, nunca mentiras,
crio-me em notas musicais que embalam a criança que existe mim. Desafio é mudar
o olhar da existência e navegar.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
domingo, 26 de julho de 2015
Imaginação poética
A
imaginação poética não é inocência em mares tempestuosos, é sobrevivência.
Entre enormes vagalhões que convidam o navio ao fundo deliram imensos baobás.
Do balanço que quer voltar vem o berço do início da vida. Do mar que inunda o
convés corre o cobertor que esconde o corpo nu da mulher amada. Cada pensamento
um delírio escolhido e o mar.
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Um navio finge que é
Um
navio finge que é
Peixe
desmergulhado
Gaivota
com vento no rosto
Baleia
que esguicha água
Tubarão
cheio de tudo dentro
Girafa
de pescoço comprido
Piscina
em dia de tempestade
Casa,
todo dia, o dia todo
Navio
é uma fingição que só
Um
faz de conta de assombração
Um
contador de causo
Um
apito de desespero
Assim,
um sai da frente
Que
corre cheio de nós
Uma
fingição que marinheiro não quer saber
Fingido
que é, o marinheiro
Finge
que sabe da fingição maior
Mas
dela não quer saber
Pois
marinheiro é navio
Nas
histórias que vai contar.
terça-feira, 14 de julho de 2015
Estatuto das ondas menores
Estatuto
das ondas menores
Em
alto-mar, Excelência, ondas pequenas passam despercebidas pela quilha do navio.
Nem estância de beleza ou intenção qualquer marinheiro lhes dá. Ali estávamos
todos ocupados com os afazeres da marinharia, da manutenção das máquinas e da
boa navegação. Um marinheiro ou outro descansa, o cozinheiro já prepara a
próxima refeição, enquanto os taifeiros cuidam de arrumar as coisas para o bem
estar da tripulação. Não se pode pensar que o moço batendo ferrugem vá lançar
olhar pela borda, curioso das águas menores. Se me pergunta se há exceção,
Excelência, digo-lhe que os animais marinhos, em especial os golfinhos, se
aproveitam de navegar nestas vagas e nos chamam a atenção.
Vez
ou outra uma onda menor esconde no fundo história maior, tragédias de abandono
e descaso familiar. São pequenas ondas sem pai, sem lei, que passam abaixo dos
nossos olhares. Aí, Excelência, quando estas se lançam ao litoral, à praia,
tomam tamanho de desejo descabido. Lá encontram as pessoas e devolvem sua
invisibilidade em crueldade proporcional a sua dor. Por isto lhe peço,
Excelência, que as julgue com a compreensão de todo o processo e envie esforços
de gratidão aos golfinhos. Eles sabem brincar e cuidar destas ondas menores
para evitar que se transformem em dor. Antes de nós eles sabem tratar de todas
como seres vivos, e não objetos de descaso e desamor.
domingo, 5 de julho de 2015
Sou marinheiro de mar
Sou marinheiro de mar, Senhor
Das águas salgadas de todos os poros
Tornei-me herói de águas interiores
Vi as mulheres mais lindas
Ouvi tudo de todas as outras
Vi as ondas que fez atingirem meu corpo em navio
Agradeci toda tormenta pois me fizeram vivo
Senhor, em cada pessoa o mar
Quero nunca deixar de sentir
Humanidade e amar.
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