segunda-feira, 20 de julho de 2015

Um navio finge que é



Um navio finge que é
Peixe desmergulhado
Gaivota com vento no rosto
Baleia que esguicha água
Tubarão cheio de tudo dentro
Girafa de pescoço comprido
Piscina em dia de tempestade
Casa, todo dia, o dia todo
Navio é uma fingição que só
Um faz de conta de assombração
Um contador de causo
Um apito de desespero
Assim, um sai da frente
Que corre cheio de nós
Uma fingição que marinheiro não quer saber
Fingido que é, o marinheiro
Finge que sabe da fingição maior
Mas dela não quer saber
Pois marinheiro é navio
Nas histórias que vai contar.



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