sexta-feira, 24 de abril de 2015

Meio do Oceano



Meio do Oceano

Das distâncias no mar
O destino demora
A casa e amor longe atrás
Meio do oceano
Viver é sentir
Sentidos de mar.




domingo, 19 de abril de 2015

Entrada de França



     Ao passar horas em entrada de França, caminho de longas comportas à Dunquerque, pensei nas cenas de guerra acontecidas há poucas milhas de tempo atrás. Milhares de soldados em retirada, terra de cor pintada de encarnada de carnes. Ao olhar do navio, casa que viajava em outras histórias, vi pessoas, estrangeiras de Camus, cuidarem da nossa segurança em estreita navegação. Cada qual e sua história, alguns filhos de outrora retirada, a ver o navio vindo de mar, curiosos em segredo, das coisas que trazíamos e iríamos levar.

sábado, 11 de abril de 2015

O olhar das coisas



Sobre o olhar das coisas
A coisa que não repousa os olhos
Olhos marinheiros de lágrimas salgadas
É o barco encalhado a beira mar
Ele é lápide de morte lenta
É lembrança de fracasso e desistência
Barcos nunca deveriam navegar em olhos
Barcos são feitos para o olhar.




Créditos de imagem:
 http://olhares.sapo.pt/barco-encalhado-baia-do-seixal-foto4961016.html?hc_location=ufi

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Telegrafista



     Chegou telegrama em alto-mar. Na época era como as mensagens chegavam, escritas em pontos e traços. O telegrafista era quem sabia de tudo, dos desejos de amor, dos fins de tudo, das mudanças de destino e das cargas. Sabia de tudo antes de todos os outros a bordo. Por isto viajava pelos corredores com sorriso de segredo. Quando seus olhos brilhantes não apareciam ficávamos preocupados. Em pontos e traços as más notícias também chegavam. Quantos segredos levam em suas células os telegrafistas, pensava eu. Quantos segredos minhas células escondem de mim, penso eu.

Dedicado ao amigo Telegrafista Joel, o mais feliz dos marinheiros.