terça-feira, 23 de junho de 2015

Desistência do inventado






O que seria do marinheiro se não fosse o delírio

Mar é desistência do inventado verdadeiro

Acumula heroísmos em olhares alheios

No corpo sobram partículas de sal

A utopia, fantasiada de história, é horizonte

O amor é devaneio

Quando se olha um porto, o outro passou

A vida é curiosidade construída

Morre antes o marinheiro quando acredita

Que já sabe tudo de mar.









sábado, 20 de junho de 2015

Manual de sobrevivência no mar





Fazer a travessia sem anestesia

Tornar o navio um lar

Tornar o corpo o lar

Permitir a impermanência de tudo

Nunca acreditar na distância de tudo

Nem a do fundo do mar

Conhecer cada peça

O funcionamento e o cheiro das coisas

Imaginar o melhor dos desejos

Cuidar de não realizar os piores deles

Conversar e ouvir cada voz

Viajar em cada história ouvida

Esperar em troca um olhar

Acreditar até no inacreditável

Balançar com a alma

Amar de espinha ereta

Navegar



domingo, 7 de junho de 2015

Nós de velocidade


Nós de velocidade
Nem vão vinte e cinco quilômetros por hora
Uma hora a cada hora
Empurra cada gota de mar
Atravessa o oceano
Em ventos de todas as intenções
O navio chega
Pouco antes de voltar.


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Riscos


Navios riscam o mar

Milhares de riscos

Desenhos de instante

Os mares agora todos riscados

Em um instante o outro já foi

Tudo sempre se vai

E o risco de agora

A vida a riscar.