quinta-feira, 2 de abril de 2015

Telegrafista



     Chegou telegrama em alto-mar. Na época era como as mensagens chegavam, escritas em pontos e traços. O telegrafista era quem sabia de tudo, dos desejos de amor, dos fins de tudo, das mudanças de destino e das cargas. Sabia de tudo antes de todos os outros a bordo. Por isto viajava pelos corredores com sorriso de segredo. Quando seus olhos brilhantes não apareciam ficávamos preocupados. Em pontos e traços as más notícias também chegavam. Quantos segredos levam em suas células os telegrafistas, pensava eu. Quantos segredos minhas células escondem de mim, penso eu.

Dedicado ao amigo Telegrafista Joel, o mais feliz dos marinheiros.


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