Em uma das sextas-feiras 13 de travessia,
a bordo do navio Quixadá, carregado de tantas coisas explosivas, tóxicas,
corrosivas e voláteis que nem o mais inconsequente urubu ousava sobrevoar, o
moço de convés desapareceu do convés. Procuramos em todos os cantos e, claro, o
encontramos trancado em seu camarote. De lá, disse ele, nada o tirava em dia de
sexta-feira 13. Lá ele ficou e, nos dias seguintes, trabalhou a mais para
compensar as horas de medo do azar. Nos outros dias o enorme rapaz carregava
tranquilamente tambores de perigosos produtos químicos e pintava o navio em
alturas de vertigem. Para ele, talvez não só para ele, a imaginação era
imensamente mais perigosa do que a realidade.
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