quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Encontros de alto-mar

     Lá pelas nove horas de um domingo qualquer, no meio de uma travessia do Brasil para o México, chegou ao passadiço um cabo foguista cujo nome já não consigo lembrar. Disposto a contar suas histórias de como deixou a faculdade de Veterinária para tornar-se marinheiro, deixou-me curioso e atento àquela história. Nas travessias em que passava longas horas, por ofício da profissão, cuidando de olhar o horizonte, receber alguém disposto a ser ouvido era presente que causava boa alegria. O rapaz sentou-se no piso e logo se pôs a contar de suas escolhas. De seu bolso esquerdo saía a ponta de uma gaita de boca e eu, ainda mais curioso, pedi-lhe para tocar alguma música. Não me recordo o que saiu do instrumento, mas ainda sinto meus ouvidos felizes, enquanto meus olhos seguiam atentos ao mar. Encontros de alto-mar tem a potência desarmada das almas. Espero que você esteja bem, amigo.

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