segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Sereias





     Três sereias carpideiras conversavam à beira da praia. Conversas livres, sobre coisas da vida e do fundo do mar. Discutiam manobras de fuga das lulas gigantes, como afugentar os bons tubarões e jamais se aproximar dos outros. Alternavam-se em seus testemunhos das coisas que os homens jogavam na água, dos animais que se prenderam nas redes e dos perigos dos tsunamis. Riam-se das corridas com os golfinhos ao final da tarde. Assim passavam horas da vida a falar. Ao longe o navio sai do porto e elas, prontas de alma, se enfeitam de sedução, exercitam suas vozes, e saem a navegar atrás do barco. Cantam convites aos marinheiros, cantos de provocar desespero e saudade e os convidam a nadar. Três sereias carpideiras aguardam pacientemente a hora de chorar. Cada vez que um navio sai do porto fazem, ofício antigo, valer cada hora viva da persistência do marinheiro. Quando elas se aproximam demais do navio o comandante manda o marinheiro apitar.


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