Depois de navegar dias de mar, vindo
do Rio de Janeiro e passar por mau tempo encomendado por Santa Marta, entramos
no Rio de La Plata. Por boreste
deixamos um bando de curiosos lobos marinhos tomando banho de sol e fomos
conhecer as esquinas de Buenos Aires. Atracados em um beco
em Doc Sud, fomos recebidos
por uma enorme pichação em homenagem à Maradona nas
paredes de um armazém abandonado. Tão rápidos quanto a um
gol de Pelé, saímos em demorada precisão para a cidade de
Campana. A navegação em rio começa a se apresentar quando
se entra no Paraná de Las Palmas. O horizonte
do campo a metros do navio acostumado ao infinito do mar. Pequenos barcos e
barcas circulavam pelo nosso olhar. À noite não se navegava em
vários trechos do rio por conta da segurança da
navegação. Vez ou outra víamos
gado pastando ao som da nossa hélice. Aquela navegação
provocava o maior dos estranhamentos a um marinheiro de longo mar. Lobos
marinhos, canais estreitos, gado a metros do navio causavam suspeita aos
cérebros blindados pela maresia. Maior e feliz estranhamento ainda acontecia
pela deliciosa receptividade dos argentinos rio acima.
Seguia a carga embarcando enquanto os tripulantes de folga jogam futebol em um
campo próximo.
Dizem os marinheiros que depois que se bebe a água do tanque de bordo
nada mais volta a ser o mesmo, nada mais tem tanto sentido quanto navegar.
sábado, 19 de julho de 2014
Depois de navegar dias de mar
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